Queridos jovens, boa tarde!
Quando cheguei a esta terra, fui recebido com boas-vindas calorosas, podendo assim constatar algo que já intuíra há tempos: a vitalidade, a alegria, o espírito de festa do povo mexicano.
Agora mesmo, depois de ouvir e sobretudo depois de ver vocês, constato de novo outra certeza, algo que disse ao Presidente da nação, na minha primeira saudação: um dos maiores tesouros desta terra mexicana tem um rosto jovem, são os seus jovens. É verdade! Vocês são a riqueza desta terra. Eu não disse a esperança desta terra, mas a sua riqueza.
Não se pode viver a esperança, pressentir o amanhã, se antes a pessoa não consegue estimar-se, se não consegue sentir que a sua vida, as suas mãos e a sua história, têm valor.
A esperança nasce, quando se pode experimentar que nem tudo está perdido, mas para isso é necessário exercitar-se começando “em casa”, começando por si mesmo.
Nem tudo está perdido. Não estou perdido, valho... e muito! A principal ameaça à esperança são os discursos que te desvalorizam, fazem ter sentir um ser de segunda classe. A principal ameaça à esperança é quando sentes que não interessas a ninguém, ou que te deixaram de lado.
A principal ameaça à esperança é quando sentes que tanto vale estares como não estares. Isto mata, isto aniquila-nos e é porta de entrada para tanta amargura.
A principal ameaça à esperança é fazer-te crer que começas a valer qualquer coisa, quando te mascaras com roupas de marca, do último grito da moda, ou que ganhas prestígio, te tornas importante por teres dinheiro, mas, no fundo do teu coração, não crês ser digno de carinho, digno de amor.
A principal ameaça é quando uma pessoa sente que tudo aquilo de que precisa é ter dinheiro para comprar tudo, inclusive o carinho dos outros. A principal ameaça é crer que, pelo fato de ter um grande “carro”, és feliz.
Vocês são a riqueza do México, vocês são a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna difícil sentir-se tal riqueza, quando estamos continuamente sujeitos à perda de amigos ou familiares nas mãos do narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror.
É difícil sentir-se a riqueza de uma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos levando vocês a situações extremas.
É difícil sentir-se a riqueza de um lugar, quando, por serem jovens, usam vocês para fins mesquinhos, seduzindo vocês com promessas que, no fim, se revelam vãs.
Mas, apesar de tudo isto, não me cansarei de dizer: vocês são a riqueza do México.
Não pensem que digo isto, porque sou bom ou porque já vejo tudo claro! Não, queridos amigos, não é por isso.
Digo isto a vocês, e digo-o convencido, sabem porquê? Porque, como vocês, creio em Jesus Cristo. E é Ele que renova continuamente em mim a esperança, é Ele que renova continuamente o meu olhar.
É Ele que me convida continuamente a converter o coração. Sim, meus amigos! Digo isto, porque em Jesus encontrei Aquele que é capaz de estimular o melhor de mim mesmo.
E é graças a Ele que podemos abrir caminho; é graças a Ele que sempre podemos recomeçar; é graças a Ele que podemos ganhar coragem para dizer: não é verdade que a única forma possível de viver, de poder ser jovem seja deixar a vida nas mãos do narcotráfico ou de todos aqueles que a única coisa que fazem é semear destruição e morte.
É graças a Ele que podemos dizer que não é verdade que a única forma que os jovens têm de viver aqui seja na pobreza e na marginalização: marginalização de oportunidades, marginalização de espaços, marginalização da formação e educação, marginalização da esperança.
Jesus Cristo é Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis, ou meros mercenários de ambições alheias.
Vocês me pediram uma palavra de esperança... A que tenho para dar, chama-se Jesus Cristo. Quando tudo parecer pesado, quando parecer que o mundo cai em cima de vocês, abracem a sua cruz, abracem a Ele e, por favor, nunca larguem a Sua mão; por favor, nunca se afastem d’Ele.
É assim, junto com Ele é possível viver plenamente, junto com Ele é possível crer que vale a pena dar o melhor de vocês mesmos, ser fermento, sal e luz no meio dos amigos, no seu bairro, na sua comunidade.
Por isso, queridos amigos, em nome de Jesus peço que não se deixem excluir, não senão se deixem desvalorizar, não se deixem tratar como mercadoria.
Claro, é provável que vocês não tenham à porta o último modelo de carro, a carteira cheia de dinheiro, mas vocês têm algo que ninguém poderá jamais roubar: a experiência de se sentirem amados, abraçados e acompanhados; a experiência se sentirem família, de se sentirem comunidade.
Hoje o Senhor continua a chamar vocês, continua a convocar como fez com o índio Juan Diego. Convida a construir um santuário; um santuário que não é um lugar físico, mas uma comunidade: um santuário chamado paróquia, um santuário chamado nação.
A comunidade, a família, o sentir-se cidadãos são alguns dos principais antídotos contra tudo o que nos ameaça, porque nos faz sentir parte desta grande família de Deus.
E não para nos refugiarmos, não para nos fecharmos; antes, pelo contrário, para sairmos a convidar outros, para sairmos a anunciar a outros que ser jovem no México é a maior riqueza e, por isso, não pode ser sacrificada.
Jesus nunca nos convidaria para ser algozes, mas chama-nos discípulos. Nunca nos mandaria à morte, mas tudo n’Ele é convite à vida: uma vida em família, uma vida em comunidade; uma família e uma comunidade a favor da sociedade.
Vocês são a riqueza deste país e, quando tiverem dúvidas sobre isto, olham para Jesus Cristo, Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis ou meros mercenários de ambições alheias.
***
Fonte: http://br.radiovaticana.va/